Call Me by Your Name (Me Chame Pelo Seu Nome ou Chama-me Pelo Teu Nome (título em Portugal)) é um filme de drama de 2017 dirigido por Luca Guadagnino e escrito por James Ivory, baseado na obra homônima de André Aciman.
É o terceiro e último ato da trilogia “Desire” de Guadagnino, seguido de I Am Love (2009) e A Bigger Splash (2015)
Uma das maiores sensações cinematográficas do ano é sem dúvida ‘Call Me by Your Name’, junto com o girl-power ‘Lady Bird’ e o black-power ‘Pantera Negra’.
Mas diferente dos outros dois, não pode ser considerado um filme queer-power, porque ele realmente não levanta bandeiras. A relação amorosa que se forma entre os protagonistas Elio e Oliver nada tem de ativista. Ela apenas acontece, sutil e profundamente, afetando a vida apenas aos amantes, e de mais ninguém.
O filme encanta não só pela história de amor terna e sincera dos dois moços, e pelo papo-reto impactante do pai no final.
A ambientação do filme em uma vila sem nome no norte da Itália, no verão de 1983, é tão rica que é impossível não se deixar seduzir por aquele dolce far niente com aroma de frutas frescas e a brisa quente da noite.
Os cenários são quase um terceiro personagem, que inspira muita nostalgia.

Me Chame Pelo Seu Nome é uma adaptação de um livro homônimo, escrito de André Aciman.
No original, a história se passa na vila litorânea de Bordighera, na Liguria, mas a filmagem foi transferida para Crema, na Lombardia, onde vive o diretor Luca Guadagnino. E já que existem por aí roteiros de viagem para conhecer os lugares que aparecem no Código Da Vinci e em Game of Thrones, por que não viajar junto com Me Chame Pelo Seu Nome ? Separa os pêssegos mais perfumados, aumenta o som do Sufjan Stevens, e vamos juntos.
A casa
Sim, aquela casa era um sonho. Uma vila italiana tradicionalíssima, equilibrando a memória rústica da arquitetura com a modernidade oitentista da família intelectual, com jardins bucólicos e jantares inesquecíveis embaixo da pérgola da varanda.
Sinto muito acabar com teus sonhos: a Vila Albergoni, onde as cenas da casa foram filmadas, fica no vilarejo de Moscazzano, mas é uma propriedade privada, e estava na verdade abandonada. Guadagnino queria comprar a casa, mas não teve grana para isso. Então ele resolveu fazer um filme nela, restaurando as partes mais degradadas e decorando-a completamente com móveis e objetos da casa de seus pais e de antiquários de Milão. E já que estamos acabando com sonhos: aquela região da Lombardia não tem pêssegos e damascos. Aquelas árvores foram plantadas lá como parte da cenografia. Mas enfim, a casa está à venda. Quem sabe ela não pode ser sua?

A cidade
A casa de campo onde a família Perlman passa seus verões fica nos arredores da pequena cidade de Crema. A menos de 1h de Milão, a cidadezinha foi escolhida não só pela praticidade, mas também por ‘ter um senso de atemporalidade e por ser essencialmente italiana sem passar uma ideia pré-concebida de Itália.’, como explicou o diretor.
As ruelas estreitas ladeadas pelo casario clássico, o passeio de paralelepípedos quente sob o sol, a piazza em frente à catedral da cidade, todos os detalhes que guardamos no imaginário do país estão lá, genéricos o bastante para poder ser qualquer cidadela italiana.

Em Crema, o cenário mais marcante sem dúvida é a o Arco del Torrazzo, uma construção renascentista do século 16, que liga a Piazza Duomo à Via XX Settembre, em frente ao Duomo di Crema. A piazza, onde Elio e Oliver discutem à mesa, hoje é ocupada por alguns charmosos cafés, e você também pode escolher uma mesinha ao sol.
Você nem vai precisar pegar a sua bike para ir de lá até a Piazza Trento e Trieste, que fica logo ao lado. Nessa praça ficam o Teatro San Domenico e o Monumento ai Caduti di Crema nella Grande Guerra. É aqui que Elio se declara a Oliver pela primeira vez, ainda que de forma bastante esquiva. Uma pena que parece que hoje a praça é praticamente um grande estacionamento.

As filmagens extrapolaram os limites de Crema, e avançaram pelos vilarejos vizinhos. As estradas ladeadas de árvores verdes que o casal percorre em seus passeios de bicicleta levam a Moscazzano, Pandino, Montodine e Ripalta. Essas vilas não são exatamente interessantes, mas o caminho entre elas parece saído de um quadro de Monet.
Bate-volta
Um dos lugares mais bonitos que aparecem no filme é o lago onde o pai de Elio os leva, para mostrar as ruínas romanas. São as Grutas de Catulo, que ficam na pontinha da península da cidade de Sirmione. As ruínas são o que sobrou de uma cidade romana do começo do milênio, e receberam o nome do poeta Caio Valério Catulo, que morreu em 54 a.C.

O sitío histórico se debruça sobre o azul brilhante do Lago de Garda, o irmão menos conhecido do Lago de Como, mesmo sendo o maior da Itália. Aos pés das Dolomitas, o Lago de Garda recebe o degelo dos Alpes, o que explica a cor magnífica da água. Saindo de Milão, é possível visitar as Grutas de Catulo em um bate-volta, como fizeram os personagens, já que a viagem dura apenas 1h30.
A fuga dos amantes
* Alerta de spoiler *
Oliver e Elio finalmente cedem ao desejo, e para conseguir aproveitar ao máximo os últimos dias do romance, eles fogem para uma viagem a dois, longe dos olhos da família e dos amigos. O destino escolhido não poderia ser mais romântico. Eles viajam para Bergamo – também aos pés dos Alpes – uma cidade que une história e paisagens de tirar o fôlego.

Nas trilhas que fazem pela natureza selvagem, passam pelas Cascate del Serio, a maior cachoeira da Itália e a segunda maior da Europe. O lugar é deslumbrante, mas perigoso. A equipe de filmagem teve liberação para filmas tão perto por apenas 30 minutos por questões de segurança. A trilha parte da vila de Valbondione. Na cidade, os dois bebem, se divertem e se amam entre os prédios históricos, como a Catedral de Bergamo, a Basílica Santa Maria Maggiore, e a Universidade de Ciências, Letras e Artes.
O filme é lindo, os cenários são inspiradores, e é quase impossível terminar de assistí-lo sem pensar em reservar um mês de férias para ficar à toa por lá. A estudante francesa Zineb Bayad ficou tão emocionada que percorreu Crema com stills do filmes para encaixá-los na vida real. Você não precisa fazer isso. Só levar o amor para andar de bicicleta pelos campos do norte da Itália e comer – só comer – pêssegos frescos já está mais do que bom. Não é? By Renato Salles
Roteiro Fotográfico

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